O JOÃO


"Para saber quem somos, basta que se observe 
o que fizemos da nossa vida. 
Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam. 
O que você diz – com todo respeito - 
é apenas o que você diz."

 Falar de si mesmo é um desafio - é claro, se não se pretende ser leviano. Mesmo por que só posso falar do que penso que sou, e que necessariamente, e provavelmente não é exatamente o que os outros veem em mim.

Zodiacalmente nasci nas últimas horas do signo de sagitário, e se isso tem algum significado, também não sei, mas mitologicamente prefiro ser representado por um imponente centauro a um cabrito, sem demérito aos capricornianos. 

Nasci no primeiro dia do verão, no solstício, no dia mais longo do ano, se eu mudar um dia de hemisfério posso dizer que nasci na noite mais longa do ano, e se for pra curtir uma noite, que ela seja longa. 

Nasci em Porto Alegre, por zelo dos meus pais, e logo fui levado para Camaquã, interior gaúcho, onde tive uma infância sadia, apesar disso logo que criei barba na cara tive que escapar daquela mediocridade inapropriada para mim, sem demérito a minha terra que me proveu por tantos anos. 

Nasci e permaneci caçula e canhoto.

Nos anos de formação de caráter tive uma base familiar adequada e, graças a Deus, amigos de boa índole associados ao grupo de jovens da Igreja católica não me deixaram cair para o lado negro da força.

"Você não é só o que come e o que veste. 
Você é o que você requer, recruta, 
rabisca, traga, goza e lê. 
Você é o que ninguém vê."

Morando na capital a meta era estudar, não deu, fui trabalhar para ganhar o pão de cada dia. Assim tem sido desde então, letargicamente as coisas vão melhorando. Faculdade, apartamento, enfim, antes tarde do que nunca.

Tenho os amigos que mereço. Cada fase da minha vida leva e traz uma nova safra desses amigos. Os de fé continuam sempre, os outros, que tem igual importância, até se vão, mas porque já cumpriram seus papeis na minha vida. Agradeço a amizade de todos eles, cada qual no seu tempo. Pra quem mora longe da família, ter amigos é ter ar para respirar, e meu ar poucas vezes ficou poluído.

Meus amores? – mira que las cosas se complicam – acreditar no amor eterno e em almas gêmeas, eu tentei. Os anos foram me modificando, e nem sempre pra melhor. Não desfaço minha trajetória, fiz as escolhas que me eram oportunas e vivi de acordo com o que me permiti. Perdão aos corações que por inadvertência patrolei sem saber que eu estava lá dentro!

Poderia descrever minha personalidade em minúcias, mas das vezes em que vi pessoas falando de mim, percebi que não sou quem penso que sou. Nem melhor, nem pior, apenas diferente.

Unânime é minha intransigência, que a duras penas tento desconstruir. Unânime é minha alegria, perco o amigo, mas não perco a piada. Unânime é meu amor pelas crianças, mas que um dia crescem... Unânime é meu descompensamento nas segundas-feiras, química cerebral em desarranjo. Sei mais lá o que pode ser unânime em mim, mesmo porque toda unanimidade é burra.

Falar de mim é assim mesmo, um monte de palavras, alguns argumentos, alguns clichês, nenhuma prova, nenhum deferimento.

"Somos todos pontas de icebergs, só deixamos amostra parte do que somos."

(FRASES GRIFADAS: MARTHA MEDEIROS)

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