quarta-feira, 26 de maio de 2010

MAIS UMA VEZ ANA CAROLINA (N9VE)


Finalmente posou essa noite em terras gauchas o show N9VE de Ana Carolina, em comemoração aos seus 10 anos de carreira. Para quem conhece o Pé de Feijão há algum tempo sabe, eu falando em Ana Carolina, está longe de ser novidade. (1, 2, 3, 4, 5)

Como sempre eu ressalto que minhas altercações são feitas por um leigo, um fã, alguém que está ali, oculto pela multidão, mas com uma urgência pela satisfação. Não tenho olho ou técnica para uma crítica profissional, então entenda que é só uma opinião.

Ver Ana cantando será sempre maravilhoso para mim, o resto, ainda que importante, acaba mesmo em segundo plano, e esse show de hoje deixou claro que ela precisa mesmo ser muito boa, porque o resto não ta ajudando muito.

O que teve de ruim: 

Cenário pobre, não minimalista ou clean, mas pobre mesmo. O telão chega a ser ofensivo.

Curta duração do espetáculo. Um show que comemora o decanato deveria presentear mais os fãs. Deveria adornar esses anos de sucesso com muita música.

Os ‘efeitos cênicos’ prometidos não funcionam como poderiam funcionar. Fica parecendo um truque para disfarçar a falta de inovações realmente válidas.

A interação da Ana está cada vez menor com o público. Eu vou aos shows da Ana Carolina desde antes do seu BOOM na mídia e posso garantir que humildade anda meio escassa nos dias de hoje, coisa muito diferente do começo da carreira. Entendo que hoje ‘as’ fãns são mais entusiasmadas, e esse exacerbo de amor pode impossibilitar um diálogo mais bacana. É uma pena, pois nem receber o fãns depois do show ela recebeu.

O que teve de bom:

Os pot-pourris são ótimos, fazem um tour quase completo pelos sucessos da cantora.

Revisitar músicas de CDs antigos é um presente para quem acompanha toda sua carreira. Essas músicas, que não foram necessariamente grandes hits, rememoram ótimos momentos.

A banda toda em seu momento de percussão também elevou o nível do show duelando com Ana e seu poderoso pandeiro, mas não que isso seja uma novidade em seus shows.

Quem for contar matemáticamente os prós e contras pode achar que essa é uma crítica negativa do show N9VE, mas não. Não tanto.

Quem gosta de Ana Carolina, principalmente das primeiras fases, sabe que ouvir essas músicas novamente num show é muito bom e vale a apresentação. O resto é que poderia e deveria  ser muito melhor, até pelo gabarito da cantora. Não acredito que seja a proposta do show essa coisa tão sem sal e sem brilho, mas caso eu esteja desinformado e seja esse o objetivo do show, ser quase inócuo, então ta tudo OK.

A verdade é que às vezes os shows que vêem para fora do eixo Rio - São Paulo acabam se reduzindo, se desmontando e se simplificando. Se for esse o caso, ai é pior, muito pior. Para preservação do meu bom estado de espírito vou desconsiderar essa hipótese.

Hoje durmo numa boa, com o tom grave de Ana Carolina embalando meu sono.

terça-feira, 18 de maio de 2010

ELAS E EU


Hoje eu li uma notícia que acabou suscitando por caminhos tortos um tema recorrente nas relações profissionais: homens Vs. mulheres.

A notícia era sobre o lançamento de um esmalte de unhas que muda de cor ou tom conforme o estado de espírito da pessoa. A reportagem ainda afirma: Como a temperatura corporal oscila de acordo com o humor, esse é o mecanismo utilizado para o esmalte trocar de tom. Dependendo do dia, você pode ter diversas gamas diferentes. As cores também podem ser muito úteis, alertando os tempos de TPM.

Na área administrativa, onde trabalho, são quase 80% de mulheres, e no meu setor sou o único espécime XY. Sendo o tema pertinente disparei o e-mail com a reportagem do surpreendente esmalte do humor - lembrei que na minha infância tinha o ‘galo do tempo’ que mudava de cor previsionando alterações climáticas - tststststs -, mesmo sabendo do perigo de encontrar alguma feminista fervorosa, enviei o e-mail.

Dessa vez não houve polemica (geralmente há por muito menos – e gosto de por lenha na fogueira), mas dessa vez todas gostaram da idéia e disseram que até usariam. 

Me perguntei então: 

1. Seriam tão alienadas que, por ser um cosmético, nem questionaram o sua real aplicação? 

2. Elas querem mesmo é que todos saibam que estão com seus níveis hormonais em absoluto desequilíbrio e que são homicidas em potenciais? Quase como uma intimidação!

Em toda minha vida sempre tive muito mais afinidade com as mulheres do que com os homens. Claro que há diferenças abissais entre os gêneros, são modelos mentais geralmente adversos. Ao longo dos anos percebi que dependendo do tipo da pauta eu devo encaminhar a conversa para um dos dois tipos. Mas em geral, é com ELAS que eu converso mais. 

Assim como na vida pessoal, na vida profissional esse embate se estende. Nunca me adaptei a ter chefes homens, em compensação a sinergia com chefes do sexo feminino sempre foi muito vantajosa. Meus melhores desempenhos foram com as mulheres na chefia. No entanto, temos que admitir que de fato, sem generalizar, as mulheres são seres infinitamente complexos e complicados! Trabalhar lado-a-lado com esses seres é uma tarefa herculiana. São seres adoravelmente instáveis! Haja jogo de cintura, desenvoltura, compostura e amor para esse convívio.

Eu falo isso porque é essa experiência que vivo. Talvez se trabalhasse com outros homens minhas dissertações fossem outras e desejasse novamente o convívio feminino. Na verdade, mais que homens ou mulheres, são os indivíduos que se conflitam, o tempo todo.

Na duvida, se é melhor trabalhar ao lado deles ou delas, fico como estou. Respiro fundo, olho feio, delimito limites e espero a ‘maré vermeha’ passar. Se pensar que serão só 12 TPMs por ano acho que dá pra até sorrir! (pensando bem, no meu setor seriam 48 TPMs ao ano... alguém me ajuda!!)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Assisti hoje em três dimensões ao filme ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS.

Eu estava numa ânsia para vê-lo desde a estréia, e hoje matei essa vontade. Fui com medo, pois mesmo sem querer eu estava com uma expectativa já bem grande, e isso todos sabemos que é um passo dado para a decepção.

O filme cumpri muito bem tudo que promete. Está tudo no lugar, muito ajustado e satisfatório, os efeitos 3D ainda me fascinam e inebriam, então como eu poderia não gostar desse filme? (nesse comentário fui burocrático, não?)

Gostei do filme, e ponto.

Valeu o tempo, o dinheiro, a expectativa, valeu tudo. O filme não vai estar nos mais inesquecíveis da minha vida, mas com certeza não estará no fim dela também.

As personagens emblemáticas estão todas lá, só achei que poderiam ter sido melhor aproveitadas. O gato sorridente ou a Rainha de Copas, por exemplo, estão ótimos, mas poderiam mais. Também senti falta das mensagens subliminares das fábulas, ou não tive alcance para percebe-las. Mas eu sei que algo só é impossível se você acreditar que é impossível...

Isso tudo, é só uma opinião, talvez influenciada pelo meu estresse atual, pelos quatro dias seguidos de chuva, pela rinite que ta pegando, enfim, é só uma opinião descomprometida e descompromissada.

Se estiver em dúvida, VÁ ASSISTIR. Pra quem quer saber qual é a semelhança entre um urubu e uma escrivaninha, tem que ver o filme. Mas tem que ser em 3D, tem que ser no cinema, acho que em casa, o filme vai perder boa parte de sua magia!

domingo, 9 de maio de 2010

PARA SEMPRE

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 6 de maio de 2010

FUNDAMENTAL - (conto)



Se olhava no espelho e mal podia acreditar no que via. Errado é aquele que julga que a beleza não pode ser comprada. A prova de que o belo podia ser alcançado pela mão do homem, não só a de Deus, estava refletida naquele espelho, um corpo esculpido e entalhado com suavidade e perfeição, provido por um bocado de dinheiro. Agora ela sentia-se apta.

Conferiu o passaporte e as duas passagens para França, entrou no taxi que a levaria ao aeroporto sentindo-se duplamente realizada.

Ela havia deixado definitivamente três coisas para trás em sua vida: a pobreza, a feiúra e a ingenuidade.

Se a vida era justa, se Deus era bom, se o destino era determinado ou se a sorte era determinante, nada disso tinha a menor importância para ela, essas questões quase filosóficas não cabiam mais em sua vida.

Antes de transformar-se fisicamente em uma mulher atraente, sua vida havia sido de muito sofrimento, tanto pela falta de dinheiro quanto pela aparência, considerada fora dos padrões de beleza, em seu caso, muito fora deste padrão.

Em sua adolescência, na escola e depois na faculdade, sempre sofreu muito com perseguições e maus tratos velados, se não fosse inteligente a ponto de ter bolsas de estudo, certamente teria pensado em suicídio. Por sorte sua inteligência era inversamente proporcional a aparência. 

Sempre que era humilhada, ou preteria, recorria em fuga à sétima arte, onde nos fabulosos filmes hollywoodianos ela era remida. Na tela, via acontecer com seus iguais algo que nunca pensou ser possível na vida real, mas agora ela acreditava nessa possibilidade, inclusive era a prova viva disso. Se a vida imita a arte ou vice-versa, não importava, agora ela não perdia mais tempo no mundo de ficção, sua vida estava mais interessante que eles.

Eduardo Contreiras Rau, esse era um nome que não conseguiria esquecer mesmo que quisesse. Durante os anos da faculdade de jornalismo, ele era quase uma unanimidade em termos de beleza e sex appeal, proporcionalmente presunçoso e arrogante. Por mais de uma dezena de vezes ela pensou em deixar o curso por culpa de suas brincadeiras maldosas e suas perseguições dissimuladas em frases espirituosas, desrespeitosas e politicamente incorretas. Cada vez que ele a humilhava disfarçadamente, a classe em êxtase louvava a presença de espírito do jovem promissor. O que ela sentia não era relevante, cada qual com seu papel naquele circo.

Há pouco mais de um mês ela soube que ele estava noivo e que em breve se casaria com uma outra jornalista igualmente bela e em ascensão. Lendo a noticia na coluna social não teve duvidas, havia aprendido a lição no filmes, conhecia o clichê a ser cumprido. Não foi difícil executar a vingança, as portas que a beleza não conseguiu abrir, o dinheiro arrombou.

Na sala VIP do aeroporto ela conferiu novamente os passaportes e os documentos. Como nos filmes, ela também havia apaixonado-se nos meandros da revanche, e também como nos romances isso quase a atrapalhou, mas o final feliz era inevitável. A fabula tinha começo, meio e fim.

Ao se encontrarem já na hora do embarque o beijo apaixonado foi inevitável, mesmo que preferisse a discrição, resquícios do tempo de feiúra, a paixão foi mais forte e explodiu naquele encontro definitivo.

No saguão do aeroporto Eduardo que fez questão de ver para crer, mal podia conter-se. Viu partir naquele avião para Europa sua noiva abraçada e feliz com uma mulher, e essa mulher linda não lhe era completamente estranha, era mesmo linda, como jamais viu outra mulher assim.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...