quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

PRA VOCÊ VIVER MAIS...

Quanto tempo leva para um coração se curar? Será que ele é capaz disso sozinho?

Não, essa não é uma história com final feliz e não me serviram as compaixões enlatadas, ainda que sinceras.
A morte não é brincadeira, a morte leva muito tempo!

Apesar de saber exatamente o que eu sinto, e normalmente expressar-me com facilidade, hoje (e já a alguns dias – muitos deles) a tela em branco do monitor me petrifica. Encontro mil vezes adiado por que não conseguirei traduzir a enésima parte do que experimento, e não queria decepcionar nesse tosto ‘review’... a alguém que nunca vai ler isto!

Vim com 19 anos e umas moedas, morar na cidade grande. Deixei a família e fui me infiltrando aos poucos na metrópole. Não falo por todos migrantes , mas quando a gente deixa o seu território e fica longe dos laços familiares, outros laços se fortalecem e as amizades acabam sendo uma nova e valiosa família, só que desta vez eleita.

Comigo foi assim, meus amigos tomaram ares de família, e sempre fui afortunado nesse quesito. Grande sorte nessa vida é ter grandes amigos. Randômicos, especialistas, pontuais, precisos, transitórios, convenientes, pétreos! - Ratzinger, Obama, Rousseff poderiam me apontar o dedo, mas se meus amigos estivessem ao meu lado, eu seguiria em frente!
Voltando no tempo uns oito anos, num dia 21 de dezembro (dia fatídico desse próximo ‘fim do mundo’) ganhei de presente um novo amigo. Na minha festa de aniversário, trazido por amigos de amigos de amigos, nos reconhecemos imediatamente, porque amigos de verdade são assim, não se conhecem mas se reconhecem, como disse o poetinha!

Caçulas e canhotos, chatos e pretenciosos, festeiros e cumplices, apegados e debochados, críticos, ferinos e felizes...
Dai por diante dividi com esse amigo os melhores anos da minha vida (até agora), e alguns dias ruins também...

Oito anos passados, hoje eu trato de aprender a lidar com uma ausência imposta, fisicamente intransponível. Já são pouco mais de 60 dias, que as vezes parecem 60 minutos e outras parecem 60 anos...

E eu que pensei que já tinha sentido todo tipo de saudade... tstststs... agora sei que aquele numero de telefone não me ligará NUNCA mais, aquele e-mail NUNCA mais vai ser respondido, aquele comentário NINGUÉM mais vai fazer, a viagem ficará para SEMPRE no projeto, aquele show NÃO nos terá mais na plateia, NÃO vou saber daquela serie incrível que estou perdendo de assistir, o videokê NÃO será mais suportável, aquela piada interna NINGUÉM mais vai entender...

 Agora o João, e tudo que seja meu, tem bem menos graça... tem menos alguém torcendo por mim, menos alguém me criticando e me fazendo ser melhor... aquela opinião que tem o peso de um milhão de outras opiniões quaisquer do mundo. Não vou poder submeter o futuro ‘amor da minha vida’ ao crivo impiedoso desse amigo contumaz! 

Não da mais tempo de eu conseguir um ‘amigo de infância’, um ‘amigo dos anos dourados’. Uma vaga que ficou para sempre vaga, e pra sempre leva muito tempo! Minha história agora é incompleta... E, meu Deus, eu sei o quanto tudo isso é egoísta!

Se alguém por aí souber como lidar com a perda de alguém que te chama de ‘MELHOR AMIGO’, por favor me ensine!

Não deu para evitar o ‘Drama Queen mode on’ – e eu odeio a auto piedade ou suscitar comiseração. Cada um de nós tem suas próprias misérias para lidar, e elas não são dimensíveis ou comparáveis. A pior dor é aquela que estamos sentindo, vivendo!

E a vida segue igualzinha... com as mesmas 24hs... ninguém percebe que nada é como antes, nem mesmo eu percebo as vezes! E já disse tão bem Willian que "não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam..."

O MAIOR AMIGO deixou o MELHOR AMIGO! – e eu morri um pouquinho com ele... é sempre assim não é?!

Carlos Drummond de Andrade, valha-me meus poetas, foi certeiro quando disse que “a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”, e é sobre essas palavras que tenho vivido até que tudo seja cicatriz.

“Vou deixar a rua me levar, ver a cidade se acender. A lua vai banhar esse lugar, e eu vou lembrar você...”
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