terça-feira, 27 de janeiro de 2009

MOSCAS VOLANTES - FLOATERS

Cada vez mais acho a internet um instrumento fantástico.

Não, eu não cheguei a essa brilhante conclusão hoje. Mas sempre que vejo as incontáveis possibilidades que a rede oferece fico ainda maravilhado.

O fato é que não sei desde quando, mas já há muito tempo, convivo com estranhas sombras em meus olhos.

Nada grave, nada que me assustasse ou prejudicasse minha visão, mas algo bastante intrigante e quase bizarro.

Sempre que olho para superfícies claras eu vejo flutuando em meus olhos alguns fragmentos de algo que não tinha idéia do que era. Pensei que fosse uma espécie de poeira que havia entrado na minha retina e que ali tinha ficado presa.

Passei anos observando esses ‘bichinhos acrobáticos’ dançando nos meus olhos em espetáculos privados, no entanto um dia contei a um amigo o que se passava nos meus olhos. Esperei por incompreensão, preocupação ou deboche, só não esperei encontrar reciprocidade!

Mais alguém no mundo tinha essas mesmas ‘visões’ enigmáticas! Foi uma surpresa também para esse amigo, que como eu, imaginava-se sozinho nessa anomalia quase divertida.

Se eu não era o único, isso significava que no mundo deveria ter mais pessoas como nós. E ai entra essa magnífica e poderosa ferramenta chamada ‘internet’.

Não foi preciso muito tempo para descobrir que essa poeirinha no olho tem nome, e até a gente se acostumar é um nome bem asquerosinho: MOSCAS VOLANTES.

Quase que confundi isso tudo com o Fenômeno de Scheerer, que tem algumas semelhanças, mas o que eu tenho é mesmo chamado de Moscas Volantes, ou Floaters, que de parecido com moscas não tem nada.

Fim do enigma, fim da solidão.

Encontrei no Orkut, o xodó dos brasileiros, comunidades com centenas de pessoas com esse problema. Alguns com casos mais sérios e incômodos que o meu. É bem edificante ver esses depoimentos de pessoas que, como eu, se achavam únicas com esse problema.

Pus o link com as informações que o Wikipédia traz sobre o assunto. Fala-se também de um tratamento com laser, que eu não pretendo fazer.

Minhas moscas volantes são domesticadas e não atrapalham em nada o meu dia-a-dia, ao contrário, por exemplo, quando estou na cadeira do dentista e tenho que distrair minha mente, são minhas amigas volantes que me ajudam. Pode parecer loucura, mas dá pra brincar com elas!!

Espero, sem demagogia, que cada vez mais a inclusão digital ganhe força para democratizar verdadeiramente esses meios de comunicação que podem, se bem usados, solucionar pequenas dúvidas ou até mesmo salvar vidas.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

CEMITÉRIO MALDITO

Pet Sematary (Cemitério Maldito) é um livro de Stephen King que inspirou um filme homônimo lançado em 1989. Basicamente é a história de uma família americana que se muda para o interior. Nos fundos da casa nova há um bosque com um antigo cemitério indígena. Tudo que é enterrado nesse cemitério acaba voltando à vida, mas em condições demoníacas.

Na verdade não estou fazendo uma resenha crítica a cerca do filme com 20 anos de atraso. Eu vim falar do nosso cemitério maldito particular.

O fim de um relacionamento já é doloroso por si só. Todos os planos que não mais serão realizados, todas as lembranças que aparecem como pop-ups em nossa mente. Sem contar no prejuízo por lucros cessantes, sim, porque estar fielmente com alguém implica necessariamente em não estar com milhões de outras pessoas que poderiam ter nos feito felizes para sempre e vice-versa.

Entretanto, pior que ter que enterrar sofregamente tudo isso quando chega-se ao fim, é cometer o erro de enterrar tudo em nosso Cemitério Maldito Particular - sábio Stephen King.

Enterrar qualquer coisa nesse cemitério é, sem duvida, um dos piores erros que podemos cometer, e como nós o cometemos!

Não falo de relacionamentos com suas briguinhas, que arranham, incomodam, mas não matam. Não falo nem em relacionamentos que tem seus dias de coma. Eu falo daqueles que, por motivos fortes ou não, encontram o seu fim de linha. Quando remédio nenhum mais resolve, quando um adeus é a única saída para ambos, mesmo que haja ainda amor.

É nesse caso, de morte cerebral que devemos enterrar tudo bem longe, bem fundo e aproveitar irônicamente que relacionamentos assim geralmente servem de adubo para terra.

Mas não raro, nós humanos e passionais, enterramos tudo no cemitério maldito. E o que acontece?

Acontece que esse relacionamento volta. Acontece que não melhora nada. Acontece que volta pior! Volta amaldiçoado, necrosado! Volta fadado a em 99% das vezes nos fazer sofrer exponencialmente. Mais tempo perdido, mais projetos falidos, outros planos abortados, novos e antigos enganos cometidos... é a mentirosa, falsa e corruptora idéia de que dessa vez tudo vai ser diferente.

Mesmo assim, se você enterrou um amor lá e ele voltou, significa que você vai continuar nesse jogo por muito tempo, e pior, de certo modo você anuiu com tudo isso.

Infelizmente não há como tirar esse cemitério maldito do nosso peito. Só podemos é deixá-lo no fundo do bosque, intocado e esquecido.

Mesmo sabendo disso tudo, mesmo que o mestre Stephen King tenha me alertado, eu usei meu cemitério maldito outra vez. Não aprendi a lição.

Agora vou torcer para que Mr. King esteja errado, e eu também.

sábado, 24 de janeiro de 2009

A REFORMA (dueto)

Susana estava nervosa, mal conseguia controlar o tremor de suas mãos que só era superado pelo aflitivo suor que encharcava constantemente suas palmas. O relógio na parede indicava 19:30, mas aquela informação não lhe fazia o menor sentido.

Por mais que ela tentasse desviar seus pensamentos, eles adquiriam vontade própria e voltavam sempre ao mesmo ponto, remoendo aquele fato que a estava mortificando desde o fim daquela manhã, quando entrara no apartamento.

Em seus quarenta e três anos ela poucas vezes tinha ficado assim antes, e sentia que toda essa torrente só teria fim quando a represa rompesse, e a represa já estava bastante avariada com rachaduras profundas e irremediáveis.

A sala parecia pequena para o tamanho de sua aflição. Caminhava ora apressadamente ora lentamente, mas sempre em círculos desordenados pelo barulhento piso do apartamento recém reformado.

Inutilmente ajustava um quadro na parede, um móvel irregular, uma poeira quase inexistente, tudo na intenção de desviar sua mente, mas sabia-se que era improfícuo. Dentro dela seus pensamentos a torturavam de forma cruel e exponencial.

Pensou em acender um cigarro, tomar uma dose de uísque, mas mesmo que quisesse isso seria impossível pois não tinha naquela casa esse tipo de artifício insalubre. O som do taco no piso começou a incomodá-la também. Não sabia que a sala, depois da reforma tinha ficado com o piso tão liso e barulhento.

- Como se não bastasse toda a turbulência dentro da minha cabeça. - pensou.

As paredes do lugar eram verdes e embora ela estimasse a cor, e a tivesse escolhido pessoalmente, preferia um verde mais forte e aveludado, e não aquele tom apagado.

Susana estava tão absorta que sequer percebeu a chegada de mais alguém na sala.

Ela olhava em volta e tudo estava tão bem arrumado que nem sua crítica acreditava. Impaciente procurava qualquer erro.

- O que está errado? - se perguntou.

Susana, achava que aquele lugar queria lhe dizer algo secretamente. Mas como diria isto sem que pessoas lhe taxassem de anormal?

Ela não se assustou com a presença daquele homem de terno que a observava, ao contrário, confiou mais uma vez seu segredo a Frederico, seu marido. Apesar de toda a reforma feita, mesmo eles tendo quase reconstruído o apartamento, tudo aquilo ainda existia ali.

Todas as rachaduras, a umidade anormal e o mofo arraigado haviam sido retirados, assim como todo o reboco velho arrumado.

Frederico consumiu boa parte das economias do casal naquela reforma quase que emocional.

A presença dele não diminuiu sua ansiedade, alias, Frederico quase não foi percebido ali.

Certa de que ajudaria, Susana abriu a bolsa e procurou seus calmantes, eles nunca lhe falhavam, e não seria agora que isso aconteceria. Tomou à seco dois de uma vez, ela queria a certeza que a calmaria viria com êxito.

- Mas então porque essas coisas continuam aqui? - perguntou Susana.

Frederico permaneceu calado, ele sabia que não era pra ele que ela perguntava aquelas coisas psicóticas.

Durante a reforma Susana supervisionou tudo. Meticulosa, nada queria fora lugar ou de seu controle, no intuito que tudo pudesse mudar.

Não entendia porque tanta confusão havia naquele apartamento se tudo estava em ordem. Aquele lugar lhe trazia tantas lembranças mesmo parecendo novo.

Talvez fosse este o problema. Talvez se tudo fosse demolido e construído novamente, nada daquilo mais estaria encravado na paredes.

A verdade é que não importava o lugar, a reforma ou o dia, os conflitos estavam dentro de sua cabeça.

Susana começara a ficar sonolenta, as paredes se fechavam e as luzes se escureciam, pensou que fosse o efeito do remédio que não tardava, mas a estranha sensação de sufocamento era atípica.

Antes que sua visão se escurecesse a totalidade, Susana ouviu a voz nervosa de seu marido mais uma vez dizendo: - Tudo ficará bem querida, seja paciente!

Naquele momento Susana percebeu, consternada, que as cores das paletas dos mostruários não eram fiéis e, principalmente, que sua severa alergia aqueles materiais não havia se curado.

Se sobrevivesse aquele ataque ela jamais usaria novamente tinta comum em sua casa.

O QUE É O DUETO?

Pretendo escrever alguns contos com a ajuda de alguns amigos. A dinâmica não é complexa. Aleatóriamente começo um texto e mando a um amigo para que prossiga a história sem qualquer informação extra. O que vier dali é a mais pura criatividade e jogo de cintura. Quando o texto volta pra mim, arremato e concluo a história. Espero que de certo e que os textos tenham nexo.

Minha primeira vitima foi meu amigo Peter.
O resultado você mesmo julga no texto ai em cima!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

TEMPO AO TEMPO


Corre tempo, passa depressa
e leva contigo toda essa dor.
Arrasta daqui, pra longe arremessa
essa praga batizada de amor.

Qual é o teu lado? Te abre comigo!
És o meu maior aliado, ou meu pior inimigo?

Tu clareia os fatos, traz luz aos sentimentos,
ou afasta as pessoas e pulveriza sofrimentos?

Sei que acalma, desfaz os enganos,
mas não posso esperar o passar dos teus anos.

Demora demais, quase para às vezes,
nem sei se posso esperar alguns meses!

Tu és o remédio que vai me curar
ou és o veneno que me leva pra morte?
Vens mesmo com a dor abrandar
ou a aflição é o teu dileto esporte?

Agora já chega, preciso entender
se é um preceito, uma diretriz
o mundo vai pra sempre saber
dê tempo ao tempo
é o que a regra me diz
(João Francisco Viégas - 2001)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

... ACONTECE ...



"Mas hoje não dá
Hoje não dá
Vou consertar a minha asa quebrada
E descansar"
(Renato Russo)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

DE TANTO VOAR, ACHEI VOCÊ

Um ano de namoro!

Quem diria! O personagem avulso do seriado se converteu num namorado quase comportado!

Não vou fazer balanço desses 12 messes, às vezes, acreditem, balança por si!!

A trilha sonora desse enlace é extensa, mas hoje optei por uma nova canção que tenho me identificado, nesse caso a dois.

Nosso 1º tema de 2009.


PÁSSAROS

Eu conheço a imensidão do céu
Pássaro que sou,
Mergulharei de vez
Uma vez ou três.
Duzentos por hora, ou algo mais,
Na velocidade de encontrar você
Te merecer
Voar, sem ter onde chegar.
E de lá do céu
Formaremos dois em um só,
Fugirei da chuva,
Beijarei o sol.

\Amanheceu
É hora de voar\


Sigo meu instinto animal,
Cruzo mil fronteiras
Garimpando amor,
Semeador.
De tanto voar achei você,
Multicolorido exatamente igual
Ao meu astral.
Melhor é voar a dois
E de lá do céu
Formaremos dois em um só,
Fugirei da chuva,
Beijarei o sol,

\Amanheceu
É hora de voar\

(Composição: Mikael Mutti)

"Se você não demorar muito,
posso esperá-la por toda a minha vida."

(Oscar Wilde)

domingo, 11 de janeiro de 2009

MEDO


Essas cobranças em exagero
que encobrem nossa felicidade
tu me queres por inteiro
como se fosse só uma metade

Queres toda essa paixão
e tudo que lhe é pertinente
mas não perco mais minha razão
se for pra ser assim nem me tente

Já não tenho mais idade
Acabou a hora do recreio
busco agora a serenidade
mesmo que digam ser receio

Se esperava de mim amor
Sinto muito em avisar
Só vai encontrar no meu peito temor
Encobrindo a vontade louca de te amar

(João Francisco Viégas - 08/01/2006)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

UM ANO DO PÉ DE FEIJÃO



Já um ano do Pé de Feijão!!

Não parece que foi ontem, mas passou bem rápido esse ano, sem dúvidas!

Antes do retrospecto, na ordem: meu aniversário foi bem legal, comemorado com as pessoas certas! Meu Natal foi como o esperado, família reunida e celebrando ao menos a união dos corpos. Já o réveillon finalmente foi especial. Uma noite incrível e memorável como deve ser a celebração de um ano bom que se encerra e a prospecção para um melhor ainda!!

No balanço geral de 2008 correu tudo conforme o planejado e previsto. Revisitando o 1º post percebi que tive um ano justo. Mais ou menos como previ.

Junto com um ano do meu blog posso comemorar um ano de faculdade e um ano de namoro. E considero essas três coisas bem sucedidas!

O blog é meu bom companheiro, e com ele aprendi a compartilhar emoções e principalmente enxergar emoção em linhas alheias! Se mais pessoas usassem esse recurso eu garanto que alguns consultórios estariam mais vazios.

A faculdade foi uma feliz surpresa. Precisei de uns trinta anos para perceber que sou mesmo inteligente (não modesto? – hehehe – nada disso), a verdade é que por um sem-número de motivos sempre desacreditei o meu intelecto, mas a VIDA esta sendo generosa comigo e vem me mostrando qualidades que nem eu imaginava. Espero que em 2009 a VIDA não me mostre mais defeitos, desses que tenho ciência já me são suficientes!

Ainda no meu primeiro post eu comentei que gostaria de achar um “chinelo velho” pra mim. Bom, menos de quinze dias depois já estava eu todo cercado! E pra quem não acreditava mais que iria se apaixonar, a VIDA, essa generosa e às vezes caprichosa, veio me mostrar que há muito o que viver!

No meu trabalho continua tudo ótimo. Posso dizer que melhor ainda. Reconheci que algumas pessoas de lá são muito mais que meras colegas. Descobri que lá eu tenho amigas verdadeiras em que posso confiar coisas preciosas! É essa minha VIDA, aquela que já falei, a generosa demais!

Minha família manteve o passo, e isso não é bom. A saúde do meu pai permanece delicada e todo o peso do mundo nas costas da minha mãe. Nesse caso devo dizer que a VIDA está sendo bastante injusta!!

Também nesse ano que passou consegui publicar na web o meu livro (MATÉRIA DE CAPA) e obtive assim as primeiras opiniões, esperei mais participação dos amigos, mas também já sou crescidinho o suficiente para entender que as coisas acontecem no seu tempo certo, então me despreocupo com isso! – Infelizmente em função de faculdade, trabalho, namoro, amigos, família, festas, etc. fiquei impossibilitado de dar andamento nos novos projetos literários. Mas eles já começam a amadurecer aqui na muringa!

Também teve o lance do meu apartamento. O contrato ta demorando pra sair, mas estando tudo aprovado fico mais tranquilo. Espero que em 18 meses já esteja tudo finalizado! Como esse projeto é longo, o Pé de Feijão vai ainda ouvir muito falar disso!

Pra encerrar a minha retrospectiva devo comentar sobre dois fatos que me chamaram a atenção no fim de 2008 e começo e 2009.

A famigerada reforma ortográfica que entrou em vigor dia 1º de Janeiro. Foram poucas mudanças, mas muita polemica. Imagino em Portugal onde houve mais alterações!! Sinceramente, mudanças sempre assustam um pouco, mas me nego a acreditar que fizessem alguma coisa de maneira leviana. Espero que o transtorno do novo seja realmente edificante num futuro próximo. Por hora só vejo dor e ranger de dentes.

E por fim, mas não menos importante, ou ultrajante, expresso meu repudio as declarações infelizes do Sumo Pontífice Bento XVI. O homem disse que "salvar" a humanidade do comportamento homossexual é tão importante quanto salvar as florestas do desmatamento.

Sempre fui Católico e considero minha religião genuína e sem duvida o melhor meio de se chegar e permanecer em Deus. No entanto, tenho noção de que a minha Igreja apesar de Santa é dirigida e permeada por homens, e esses sim, são capazes de errar, e erram feio, alias estão se tornando experts em errar, séculos após séculos.
Mesmo assim, crendo vorazmente na força do Espírito Santo, permaneço tentando me manter católico e nadando contra a corrente avalio a parte humana da história e tento com todo meu ser aliviar esse monte de bosta de segregação que esse Papa disse as vésperas do Natal, achei muito pertinente e oportuno, não!?!
Não sei se cabe uma declaração assim, mas sinceramente eu não vejo muito do amor de Deus nos olhos vazios desse homem, entretanto acredito que para ocupar o cargo que ele ocupa deve de ter qualidades divinas, pena que não as vejo!
Depois do Alzheimer, é o Ratzinger o alemão que mais me mete medo!

Saudades do João de Deus!


Falando em Deus em todo esse post onde lê-se VIDA, favor leia-se DEUS!!


FELIZ 2009 PARA TODOS NÓS!!!!

"Pra falar verdade, às vezes minto
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto
Pra dizer as vezes que às vezes não digo
Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo"
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