segunda-feira, 30 de março de 2009

quinta-feira, 26 de março de 2009

PORTO ALEGRE - 237 ANOS

O Mapa
(Mário Quintana)

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(É nem que fosse meu corpo!)
Sinto uma dor esquisita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita
Tanta nuança de paredes
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar
Suave mistério amoroso
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...

quarta-feira, 25 de março de 2009

ANA SEMPRE SERÁ ANA


Hoje fui assistir minha musa ANA CAROLINA, pela sexta vez na minha vida e pela terceira vez esse mesmo show (Dois Quartos).

Mais uma vez foi um deleite que só quem é fã de alguém pode saber do que se trata.
Não vou expressar minha opinião crítica a cerca do show e suas polêmicas por que não está mais em tempo, uma vez que esse show já esta rolando desde 2006 e não teria cabimento esse tipo de apreciação agora.

No entanto, se eu fosse comparar o show que assisti ontem com o mesmo que assisti no fim de 2007 também teria problemas. O show de ontem parece uma versão ligth daquele bem produzido show de lançamento. Aquele, impecável, esse de ontem, visivelmente carente de cuidados de produção.
Há também a diferença entre as casas de show (Teatro do Sesi e Teatro Bourbon), quem é daqui sabe da qualidade superior da primeira.
Foram menos músicas e menos músicos, menos cenários e menos efeitos, mas Ana sempre será Ana.

Opa! Isso foi uma apreciação crítica? Tstststs.

De surpresa ganhei “Um dia de Domingo” interpretdo antes pelo saudoso Tim Maia. Na voz de Ana (qualquer coisa na voz dela), fica indefectível! – isso não tinha na versão anterior do show.

Queria ter ficado ao final do show pra tietar um pouco essa mineira, mas não deu... Vai ter que ficar pra próxima! Por que próximas haverão....



Aqui tem um vídeo legal!!
Tem mais aqui!
E aqui Também!!


segunda-feira, 16 de março de 2009

CORPO PRESENTE


A TV já saiu do ar
A cidade caiu em sono profundo
Não há mais como te encontrar
Como o sol, tu foste para outro lado do mundo

O amor já secou no coração
nos gestos já não há mais carinho
não encontramos mais satisfação
onde éramos dupla, agora estou sozinho

Seus olhos não tem mais aquele brilho
Usamos flechas ao invés de palavras
tuas conquistas já não sou quem compartilho
quando eu era o primeiro a quem contavas

Seco como o outono que vem chegando
O que antes fluía agora raspa
E como criminosos vamos nos castigando
falta coragem a nós para dar um basta

Prolongar isso só por vaidade
mesquinharias minhas, orgulhos teus
Ainda que seja com reciprocidade
Só faz doer ainda mais à hora do adeus

Tu dormindo ao meu lado
E eu sem lagrimas me apanho
Como pude não ter notado
Quando te tornou pra mim um estranho

A idéia do adeus me assusta
Não serei eu desta vez a desistir
Me aceitar mais sozinho me custa
Mas sei que posso te ver partir

E essa relação que parece um adorno
Pouco pra mim importa
Resignado ao que me é morno
Até que ultimo a sair apague a luz e feche a porta

João Francisco Viégas - 2005

sábado, 7 de março de 2009

BITOLADO vs. PRETENSIOSO

Você conhece alguém muito parecido com você?

Não to falando fisicamente, eu falo ao nível psicológico, intelectual, emocional.
– Eu conheço! E é incrível que mesmo sendo tão diferentes, nós somos farinha do mesmo saco. Falando em saco, os meus irmãos de sangue são assustadoramente diferentes de mim, e um do outro também. Nem dá pra crer que nascemos e nos criamos sob os mesmos padrões, mas isso é grão pra outro post!

Sexta-feira sai com esse meu amigo pra beber, dançar, conversar. Não que isso seja raro, por que não é, mas saímos sozinhos, isso sim coisa rara em épocas de namoro sério que ambos vivemos.

Como prevíamos a noite foi longa e divertida com a animada presença de vários amigos, tudo regado, e muito regado, primeiro com as batidas (capetas turbinados pelas receitas de Porto Seguro), depois pela cerveja gelada.

O que se deu de fato foi na volta pra casa. Como de costume em noites prolongadas ele dormiria lá em casa. Já no caminho começou a confusão.

Quando digo que somos parecidos, isso significa também que nossos defeitos são potencializados um na presença do outro. Geralmente temos pensamentos iguais e sincrônicos, nem precisamos de palavras para conversarmos. É divertido pra nós, mas os mortais que nos rodeiam não aprovam muito essa conectividade extra-sensorial. É muita viagem na maionese, confesso.

A verdade é que de fato somos muito parecidos, no entanto, as circunstâncias de nossas vidas acabaram norteando algumas de nossas ideologias para pontos opostos e quando isso é detectado... meu Deus... são raios e trovões para todos os lados!!!

Erramos feio em querer discutir temas polêmicos de madrugada e bêbados! - Nitroglicerina!

Discutimos todos os assuntos do mundo. Principalmente religião, em especial o caso do aborto sofrido pela menina de nove anos, e suas consequências.

O bitolado se digladiando com o pretensioso.

A discussão se arriou e invadiu o dia, só paramos as 7:30 da manhã, quando ele teve que ir embora. Acho que todo meu prédio ficou sabendo de nossas convicções e crenças. Alguns diriam que foi um bate-boca feio ... eu acho que foi crescimento.

Ele, bitolado ou pretensioso demais não me convenceu de nada do que defende, mas me fez pensar sobre outros pontos de vista. Eu, pretensioso ou bitolado demais não o convenci de nada do que acredito, mas fiz ele enxergar razões além das quais estava acostumado a ver.

Continuamos divergindo em coisas potencialmente críticas a cerca de concepção de vida, e isso é complicado. Mas eu que creio no divino, no invisível, no sutil - bitolado -, acredito que nada é por acaso. Eu aprendo com esse amigo e ele comigo – pretensioso.

Ter amigos parceiros de festa, parceiros de viagens, parceiros de fuzarca, é ótimo, mas ter amigos parceiros de ideias, de intelectual, de vida, é muito melhor! SE ELE FOR TUDO ISSO JUNTO, ah fala sério, É INSUPORTÁVEL DE BOM!!


domingo, 1 de março de 2009

O EXTRATO (dueto)

Ainda tremulo passou novamente o cartão na máquina, mal conseguia concentrar-se na senha de números e dígitos. Errou alguma coisa. Estava nervoso.

A agência estava vazia, ainda era muito cedo. No auto-atendimento só ele e a máquina operavam. O silêncio, o ambiente refrigerado e o sibilo do terminal deixavam o homem ainda mais estressado com aquela situação singular.

Respirou fundo e inseriu o cartão novamente, tomou o máximo de cuidado na hora de digitar os números e em seguida a sequência de letras que seu banco exigia para aumentar a segurança naquelas transações. Dessa vez conseguiu acessar sua conta sem problemas, lembrou que nunca antes tinha errado a senha.

Alguns segundos depois o papelzinho com seu extrato deixava a máquina e pousava em sua mão ansiosa por aquele resultado, como se fosse a resposta de um exame derradeiro de saúde. Segurou o papel e novamente puxou um longo suspiro antes de verificar o que nele havia impresso.

Seu medo se confirmou, estava ali, novamente, aquele valor claro e expressivo.

Alguém entrou na agência e foi para outro terminal de auto-atendimento. Ele sentiu-se ameaçado e amedrontado, como se a pessoa soubesse o que estava se passando com ele.

O excesso de zeros naquele extrato dessa vez estavam a direita. Como num passe de mágica havia em sua conta muito mais dinheiro que ele conseguira juntar em toda sua vida. E o valor já estava consolidado e desbloqueado ali há alguns dias. Depositado sem estorno algum. Completamente a disposição desde as 19h30min da última terça-feira.

Se fosse um erro do banco o valor certamente já teria sido retirado de sua conta, ou estaria indisponível. Mas há quatro dias o valor permanecia intocado. Quatro dias que aquele homem repetia a mesma rotina de extratos e vigília permanente. E nada acontecia.

Ninguém mais, além dele, sabia do ocorrido, nem amigos, nem família, nem colegas de trabalho. Ele guardou esse segredo até de sua própria sombra. Com aquela quantia poderia viver sem qualquer dificuldade o resto da vida desfrutando infinitamente da sorte que finalmente o encontrara.

No dia anterior chegou a abrir uma conta em outro banco para transferir logo o dinheiro. Depois mudou de idéia, agendou com o gerente a retirada em espécie do valor, mas voltou atrás novamente. Ele não sabia o que fazer, e não confiava em ninguém para partilhar aquele fato tentador.

Rasgou o extrato em dezenas de pedaçinhos e secou a gota de suor que escorria por uma de suas têmporas. Antes de jogar tudo no lixo ele se arrependeu do gesto e voltou à máquina para solicitar novo extrato. Precisava da prova material que não estava alucinando. Novamente o terminal emitiu a mesma sentença àquele homem.

A boca seca, o olhar desconfiado e assustado, as mãos tremulas e úmidas, o coração arrítmico, a cabeça fervendo. Ele teria que resolver logo o que fazer antes que aqueles números acabassem de vez com sua saúde física e mental.

Sem pensar duas vezes ele dobrou o papel e escondeu-o dentro de sua carteira, havia muito o que pensar e decidir com toda aquela confusão mental que estava enfrentando.

Saindo do banco avistou um carro de polícia e todo seu corpo sentiu um arrepio intenso e agressivo, pensou: - será um teste? Uma prova de honestidade que estou passando? - Não, não poderia ser, pensou até em sonho, - isso não é real! – mas logo convenceu-se da realidade após tropeçar em uma pedra solta na calçada que quase o levou ao chão. - Preciso me acalmar... – sentenciou em sua mente aturdida.

No meio do turbilhão de pensamentos lembrou de tudo que passou em sua infância, de seus amigos verdadeiros, de sua família amorosa e humilde. Eram essas pessoas que ele iria considerar em um momento assim, quem sempre fez a diferença em sua vida. Aquele dinheiro ia ajudar muito a todos que amava, por eles ele seria capaz de ficar com o dinheiro.

Noutro instante o vil metal turvou-lhe a mente. A sombra do egoísmo possuiu sua alma. Não contaria nada a ninguém. Pensou em viajar, em trocar todas suas roupas, em modificar seu visual, em viver de forma mais leve, tranquila. Mas como faria todas essas mudanças sem que ninguém percebesse o novo milionário que estaria visivelmente emergindo aos olhos de todos? Teria que mudar de plano.

Lembrou de um problema de saúde que muito lhe preocupava e que poderia acabar com seu sonho precipitadamente. Seu coração não era dos mais fortes, herança genética de pai e avô, os dois tiveram uma morte rápida. Agora não conseguia imaginar a morte. Queria viver para aproveitar a sorte grande que tivera.

Tão logo pudesse faria um testamento e um vultuoso seguro de vida, era egoísta, mas não ao ponto de morrer e deixar que todo aquele patrimônio verificado e confirmado várias vezes se esvaísse de forma tão estúpida e caísse novamente em mãos anônimas.

Dias depois a viagem estava marcada, o destino traçado. Saiu de casa só com a roupa do corpo para não despertar suspeitas. Deixou apenas uma carta explicando tudo, eles teriam que entender, em sua nova vida não poderia arrastar consigo o peso morto de sua família. Chegou ao aeroporto internacional agitado e com horas de antecedência. O guia explicava cada detalhe de sua viagem tão merecida, foram anos desejando sair do país.

Antes que entrasse na sala de embarque ele foi novamente a agência do banco que ficava dentro do aeroporto. Quis verificar pela última vez seu opulento extrato. Dessa vez estava confiante e empolgado com sua decisão. Logo estaria fora do Brasil e faria a transferência do dinheiro já para uma conta estrangeira.

O extrato demorou um pouco mais que o normal, mas logo saiu da máquina direto para mão despreocupada daquele homem de sorte.

Olhou superficialmente o extrato e já o dobrava para guarda-lo na carteira, mas havia algo diferente ali que sua visão periférica identificou. Abriu rapidamente o papelucho e analisou aqueles mesmo zeros que já conhecia tão bem.

Sentiu seus músculos se retesarem por todo seu corpo. O calor que lhe tomou quase que imediatamente não permitiu que mantivesse a lucidez necessária para avaliar aquele papel em suas mãos.
Deixou o extrato cair antes que pudesse conferi-lo novamente. Logo o homem também foi ao chão frio do piso da elegante agência do aeroporto. As pessoas assustadas com a cena custaram a aproximar-se do corpo que se retorcia no chão.

Ele manteve-se consciente, mas nenhum de seus músculos respondiam a seus comandos. A visão de um de seus olhos estava cada vez mais comprometida. Sentia muita dificuldade em respirar.
Os populares já haviam chamado os médicos, que se não chegassem logo seriam inúteis aquele homem.

Os minutos que seguiram pareceram a ele horas intermináveis de agonia e aflição. Ali naquele chão completamente incapaz de mover um dedo sequer ele tentava lembrar do que vira naquele último extrato. Por mais que se esforçasse não conseguia ter certeza de que lado aqueles zeros estavam alocados. Se estavam, como em toda sua vida, à esquerda, ou se estavam inadvertidamente, como naqueles dias de glória, todos do lado direito.

Ouviu a chegada dos para-médicos, diferente de todo o resto, ao menos sua audição permanecia indefectível.


O QUE É O DUETO?

Continuo minha senda escrevendo alguns contos com a luxuosa contribuição de amigos. Inadivertidamente começo meu texto e mando a um cúmplice para que prossiga a história sem qualquer informação extra. O sumo disso tudo é a mais pura criatividade e jogo de cintura da dupla.

O escolhido desta vez para dar novas cores a história foi meu amigo capilé Robson. O mais incrível disso tudo é que o campo de atuação desse amigo é por conta das 'exatas', agora se nós usamos bem o hemisfério oposto do cérebro só quem ler vai saber!



p.s. link dos duetos anteriores: A REFORMA , A ESTAÇÃO
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