segunda-feira, 30 de junho de 2008

PRÓLOGO



– Onde está ele? – perguntou com autoridade ao médico responsável pelo plantão.

O plantonista indicou com os olhos um homem que estava no fim do corredor olhando pela janela – Aja com calma, ele ainda está muito abalado e se recusa a tomar qualquer calmante.

O policial Hamed Saul observou seu antigo parceiro ao longe, podia sentir mesmo à distância a aura de dor que emanava do homem – e agora mais isso! Ele não vai aguentar – pensou enquanto se dirigia sem pressa ao final do corredor.

A vista da enorme janela abrangia boa parte do Cairo central, que de madrugada ficava bem menos movimentado. Ciro, no entanto, não enxergava nada a sua volta, estava sufocado por suas lembranças.

Naquele ano era o segundo golpe fatal que Ciro sofria. Alguns meses atrás tinham o afastado de suas atividades profissionais por suspeita de corrupção. Até que tudo fosse esclarecido ele estava afastado da corporação. Logo ele, o mais respeitado policial do país, o célebre Ciro Dahfik, estava passando por aquela execração pública.

Como se não fosse o suficiente aquela humilhação, o destino ainda lhe reservara uma surpresa maior.

Sua esposa havia sofrido um acidente trágico. Estavam juntos no carro, ele ao volante sofrera poucas escoriações, mas ela tivera graves ferimentos, entre eles o traumatismo craniano fora o pior. O quadro evoluiu rapidamente e de forma negativa. Em poucas horas a morte encefálica foi diagnosticada, agora ela vivia através de máquinas e naquela manhã havia-se confirmado pela equipe médica que seu quadro não teria reversão.

Ao receber a notícia de sua morte Ciro mal pode conter-se, teve vontade de morrer junto com ela, mas não pode, deveria resolver o problema de alguma forma. As coisas não ficariam daquele jeito, ele era um homem obstinado e Nahmbira, sua esposa, não desapareceria daquela forma estúpida e arbitrária. Deus tinha errado.



A roupa amarrotada, a barba por fazer e o cheiro de álcool disseram a Hamed o quanto às coisas estavam ruins para seu ex-parceiro.

– Ciro! – a voz de Hamed ecoou no corredor do hospital, o policial tentou, em vão, resgatar a consciência do parceiro que sequer notou sua presença – Ciro, você está bem? – sabia que não, mas teria ainda que dar outra notícia terrível. Levou suavemente a mão até o ombro de Ciro que seguiu catatônico – Ah meu amigo, eu sinto muito pelo o que está lhe acontecendo!

Ciro sentiu uma fúria alucinada emergir dentro de si com a frase que acabara de ouvir. As denúncias que o afastaram da polícia partiram do seu, até então, parceiro Hamed.

Se não fosse Hamed, ele não estaria fora da polícia, se não estivesse fora da corporação não teria bebido daquela maneira no dia do acidente, se não tivesse bebido não teria perdido o controle do carro e finalmente se não tivesse perdido o controle do carro não teria provocado a morte de Nahmbira.

Ciro teria pulado no pescoço de Hamed, mas não tinha forças para isso e não queria chamar ainda mais a atenção da polícia para si – tenho que me controlar – pensou enquanto virava-se lentamente para seu interlocutor.

– Ciro eu sei que você está vivendo uma fase difícil, não há nada que eu diga que possa diminuir sua dor – eram voltas inúteis, Hamed teria que revelar de qualquer jeito o motivo da conversa – Meu amigo, eu tenho outra notícia ruim. Você terá que ser forte, mais forte ainda. – Hamed puxou um suspiro pesaroso e continuou – A polícia já está investigando, inclusive eu mesmo, mas estamos completamente no escuro por enquanto. A verdade é que o corpo de sua mulher desapareceu!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

"O inverno cobre minha cabeça, mas uma eterna primavera vive em meu coração." (Victor Hugo)

E fez-se o inverno!

E caprichado! Esses invernos não estão pra brincadeira!

Bom, só vim mesmo saudar a estação! Novamente não tenho nada de relevante a dizer, apenas ratificar a postagem passada.

Continua tudo incrível na minha existência, ter 30 anos é o máximo, indico a todos!

Profissionalmente ta bem bacana, a faculdade está no fim do semestre e tudo parece estar melhorando também, meu relacionamento se equilibrou (estamos com quase meio ano), enfim, se minha vida fosse uma novela com certeza estaria com a audiência bem fraca, já que o povo gosta de função!

Ta bom, tem mais coisa pra contar, mas não to afim, sei lá, o projeto era outro.

Conheci alguém que escreve, algumas idéias são boas mesmo, mas isso é o que menos me prende, talvez por que todo o resto me prenda!

O CAMINHO É ERRADO, MAS MEUS PÉS SEGUEM SEM MEDO OU PUDOR.

Não sei o que dizer a cerca disso, então calo. Não ‘falo’.


Como não foi muito profícua essa resenha, vou postar uma poesia meia boca!
Valeu a intenção!!!

Tribunal
(16/03/2005)

Quero um último desejo
como direito de um condenado
e como outra saída não vejo
já que não pude ter meu erro retratado

Nem tive acesso a indulgência
E é de Minerva tua sabedoria
Que desconhece o que é clemência
E julga pertinente essa sangria

O ódio me pôs cego
De ciúme doente
Deixei que meu ego
Ficasse maior que a gente

Acabei manipulado
Pelo monstro que criei
Fui eu mesmo o culpado
De ficar como eu fiquei

E agora me condenas a morte
Porque ir longe de ti é como morrer
Não há castigo mais forte
Do que longe de ti viver

Rogo o indulto pra esse amor
Revogue a pena capital
Ouça ao menos esse clamor
Salvando esse amor marginal
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