terça-feira, 16 de dezembro de 2008

AMIGOS

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto

e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor,
eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os meus amores,

mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos

e o quanto minha vida depende de suas existências ….
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade,

não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica

e não sabem que estão incluídos na
sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,

embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção

de como me são necessários, de como são indispensáveis
ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu,

tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,

cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer …
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a
roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando
comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo,

todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam
ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.
(Vinícius de Moraes)
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Depois dessa crônica (indefectível) não tenho muito a dizer, nem ousaria fazê-lo!
Essa semana recebi alguns feedbacks a cerca do post "NEGÓCIOS A PARTE", e nem era esse meu objetivo, mas acabou surtindo um efeito bacana, tipo psicologia infantil.
Três grandes amigas se manifestaram. E fiquei bem orgulhoso. Já expliquei antes que esse orgulho é o de significado legal!
Mari:
Nossa mas que talento…
Espero que este seja o primeiro de muitas outras Obras que virão…
Parabéns Joao
Bj Mari


Cris:
Como faço pra acessar teu livro?
To curiosa pra começar a ler, todo mundo diz q é fantástico.
Beijos!!!



Grazi:
oi Kiko...
estou amando o teu livro...
comecei a leitura ontem a noite...parei no capítulo 7...
agora vou almoçar e quero dar continuidade mais tarde...
A história é muito interessante...quanto mais a gente lê, mais vontade tem de continuar a leitura...
Tu és muito inteligente...e os detalhes, tanto dos personagens quanto do local...comprovam isto...até a comida servida lá tu apontou no livro...
Tenho orgulho de ter um amigo assim como você...
mil beijokas...e parabéns!!



Já disse que não é pelos elogios que são super generosos, mas por elas fazerem parte disso! Fico MUITO FELIZ!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

COMEÇO DO FIM


É o começo do fim do ano!

Não sei se considero mais um ou menos um ano, mas enfim, de qualquer forma 2008 está em seus derradeiros momentos e o suplicio rotineiro de fim de ano se apresenta.

Junto com tudo isso tem o meu aniversário, Natal e o Réveillon, nessa ordem.

No meu aniversário a vontade de reunir os amigos e a dificuldade de fazê-lo no fim de ano.

O Natal é a correria que me angustia, ir para Camaquã e encontrar minha família que ta submergida em problemas que eu não posso solucionar, e ainda ter que fazer X pra foto!

E no auge, o Réveillon que ainda é uma incógnita aterradora.

Meu aniversário tiro de letra, um, dez ou cem amigos reunidos, pra mim a festa é a mesma. Natal vai ser o que ta traçado, mas o Réveillon, esse eu queria ESPECIAL.

Há alguns anos que procuro esse 'algo, alguma coisa' especial. Catando essa noite já até tentei passar sozinho numa festa intima (bem intima) pra mim mesmo, nem isso deu certo, sempre aparece alguém, o que não significa necessáriamente boa companhia e nem o inverso também!

Vou tentar fugir de Porto Alegre, mas se não der também, azar! Minha felicidade me acompanha onde quer que eu vá, ela não vive sem mim e tampouco eu sem ela.

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O COMEÇO DO FIM DO MUNDO?
A tragédia em Santa Catarina com as enchentes, avalanches e soterramentos tem ocupado muitíssimo espaço na mídia. Se existe algum lado bom na tragédia esse lado é a solidariedade das pessoas que estão ajudando a reconstruir as cidades destruídas. O Brasil se uniu solidariamente, o Lula foi pessoalmente, o Papa enviou mensagem condolente.

Meu lado racional se consternou com toda essa tragédia, mas confesso que fiquei preocupado com algo que aconteceu comigo, ou melhor, algo que não aconteceu comigo.

Não sei por que, tenho várias hipóteses, mas de alguma forma toda essa tragédia com mais de 100 mortos, de fato não me sensibilizou como eu esperava. Tenho até medo de ser mal interpretado com essa colocação, mas essa é a verdade.

Parece que só o lado esquerdo do meu cérebro processou essas informações. Vejo tudo e ajo como se deve esperar de um ser-humano nessas situações. Sem hipocrisia, me preocupo com a situação, é claro. Até o pessoal no meu trabalho está bem mobilizado arrecadando mantimentos e dinheiro. Sei das dimensões da tragédia mas não consegui me por no lugar dos flagelados.

Talvez por já ter acostumado meus olhos a essas tragédias que acontecem no mundo afora cada vez com mais freqüência. Talvez por estar com a cabeça cheia demais com os meus problemas que também chegam em avalanches. Talvez eu tenha perdido a capacidade de me sensibilizar emocionalmente com o próximo. Talvez porque esteja cômodo demais o conforto seguro do meu apartamento, talvez, talvez, talvez... A verdade é que eu não sei o por que.

Pode parecer loucura, mas o fato de eu estar preocupado com isso me deixa menos preocupado!
De qualquer forma fé eu ainda tenho e vou rezar. Por eles, por nós, por todos.

"Solidariedade, amigos, não se agradece, comemora-se."
(Betinho)

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

QUARTO DOS FUNDOS

Depois das mágoas esquecidas
Depois que a dor se for
Depois de tantas noites mal dormidas
Depois que passar o amor

Vou voltar a ser eu de verdade
Vou poder reencontrar meu norte
Vou acreditar outra vez em lealdade
Vou conseguir outra vez ser forte

Se isso tudo antes não me matar
Se eu não voltar a me perder
Se a tempestade não me reencontrar
Se for menos doloroso viver

Quando o espelho for menos cruel
Quando não mais culparei a mim
Quando descobrir qual foi o meu papel
Quando compreenderei melhor o fim

Agora que não estas ao meu lado
e sei que não posso banir sentimentos profundos
te aceito bem-vindo como o meu passado
Agora que te tranquei num quartinho dos fundos

João Francisco Viégas (2000)

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