segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

HISTÓRIAS PARA SE CONTAR ENTRE AMIGOS


Meu blog já tem quase dois anos, e há um ano ele deixou de ser privado, confesso que ainda me sinto um tanto quanto inexperiente na 'blogosfera'. Não faço marketing do Pé de Feijão para deixá-lo popular, mas gosto muito das visitas.

Aos poucos estou conhecendo pessoas muito interessantes e começando a partilhar com almas afins alguns pontos de vista, mesmo almas não tão afins são bem vindas, geralmente essas é que trazem um maior crescimento.

Dentre algumas boas surpresas que esse canal de mídia me trouxe, está a Cris França do blog Canto de Contar Contos (acho que como eu, a Cris também gosta de aliterações). Essa amiga da blogosfera foi uma das primeiras a descobrir o meu blog e sempre foi muito generosa, participativa e carinhosa, como posso perceber como ela trata a todos em seus blogs.

Digo isso porque dia 13/11/2009 o blog da Cris completou seu 1º ano de vida e para comemorar isso ela chamou seus 'amigos' para 'contarem' em seu blog. Eu participei dessa festa com entusiasmo.

Hoje chegou a minha vez. Nessa troca de presentes estou lá no blog dela com meu conto "O TRAPICHE"

Acredito que quem entra no meu blog já deve conhecer o dela, mas caso ainda não conheça, dá um pulo lá, é quase passagem obrigatória! E não esquece de comentar!


 O TRAPICHE

Já passava das sete horas e o sol se punha dourando num espetáculo solitário toda extensão de mar que seus olhos podiam abarcar. Ele havia perdido as contas de quantas tardes já tinham se passado naquela espera sem fim.

A brisa era suave e deixava o entardecer paradisíaco, num visual verdadeiramente indefectível. Estaria tudo perfeito, a felicidade seria tão completa que não conseguiria descreve-la nem com todas as palavras do mundo e ainda mais as que arranjaria com seus conhecidos e bem-humorados neologismos baratos.

Ele contemplava silenciosamente o mar calmo que em sons amenos chegava translúcido à beira da praia. O mar plácido e limpo contrastava com seus pensamentos revoltos e turvos, outro dia terminava e a espera parecia eterna. Mesmo assim o homem mantinha a fisionomia impassível e olhar distante, perdido no mar. Era por dentro dele que tudo acontecia.


Antes que o sol desaparecesse por completo mergulhando no mar, ele caminhou pela praia aproveitando a réstia de luz até chegar a um trapiche abandonado.

A pequena plataforma antiga de madeira, mantinha-se quase que milagrosamente sobre o mar. Havia ali um pequeno barco atracado, e que era igualmente um velho sobrevivente.

Ele caminhou ordeiro até o fim do trapiche. Ouvia os estalos da madeira sob seus pés e isso lhe trazia um pouco de discernimento, afinal seguidamente perdia-se em seus pensamentos quase esquecendo a realidade a sua volta.

Agora estavam os três ali irmanados. Ele, o velho barco e a espera.

O tempo passou sem que percebesse, logo se viu iluminado apenas pela luz branca e fria da lua que estava quase cheia. Começaria o caminho de volta. Na ultima vez, daquele dia, que lançou o olhar sobre o mar obteve uma resposta diferente.

Mal pode acreditar no que via. Ao longe, tremulava uma luz fraca e amarela, certamente um pequeno barco, ainda distante, se aproximava.

Esperar a chegada do barco que deslizava vagarosamente em sua direção seria angustia muito pior do que há de todo aquele tempo que esperou em sentinela. Ele não poderia conter-se, não queria conter-se.

O pequeno barco atracado ao trapiche parecia um convite, insinuava uma atitude, sussurrava idéias intempestivas. Não precisou de muito tempo para lançar-se ao mar dentro daquela embarcação precária, mas que parecia-lhe uma luxuosa e indispensável assistência.

O mar tranqüilo não amedrontava, a euforia do reencontro deu-lhe poderes colossais e seria capaz de cruzar oceanos por aquele tão esperado encontro.

Os dois barcos logo se aproximaram. Ele teve dificuldades em enxergar com clareza quem estava vindo ao seu encontro. A luz parca, a euforia, o balançar do mar, tudo parecia impedir seu discernimento. Não parecia ser exatamente ela, mas ele sabia que a viagem poderia ter a transfigurado, ele mesmo tinha passado por profundas mudanças, temia também não ser reconhecido por ela.

Os barcos se aproximaram, os dois trocaram algumas palavras. O silêncio atordoou toda aquela imensidão, sequer o mar bramia.

Tudo só pareceu voltar ao normal quando ele tomou o caminho e volta a praia. O outro barco também tomou o caminho de volta, regressando a sua origem.

A espera dele ia continuar, ela havia recebido uma segunda chance, ainda teria alguns anos de vida.


5 comentários:

Cris França disse...

João

quero deixar o meu abraço e o meu reconhecimento do teu espaço, vc sabe que é um ótimo escritor, prova disso a qualidade dos comentários no Canto sobre o teu conto.

Muito obrigada por esse presente e que nossa amizade cresça e se fortaleça.

muito sucesso pra vc



beijão

Giane disse...

Que belo conto e que gentil convite!
Recusar nem pensar!
Lá vou Eu, conhecer mais um Ser de Boas Palavras...

E João, Eu também estranhei um pouco no começo. Só escrevia em cadernos e só para mim.
Agora retiro boa parte dos meus textos dos mesmos cadernos e compartilho com centenas de pessoas que só me trazem grandes alegrias com suas gentis Palavras e entre elas, Você!

Beijos mil!!!

railer disse...

joão, li todo o texto, muito bacana! e parabéns para a cris!

Arthur Alter L. disse...

Oi João,
Estou te convidando pra visitar: http://toaquivocetambem.blogspot.com/2009/12/flash-mob-postagem-coletiva.html - conheça o blog do Jay e participe da postagem coletiva que vai rolar na blogosfera no próximo findi vao ser mais de 100 blogs falando tudo sobre música, e vc pode participar também. Se informe e participe com a gente e convide seus amigos pra participarem também vai ser mara.
Abraço

Arthur Alter L. disse...

E pode ter certeza que volto depois com calma só pra ler o conto de deixar minha impressão.
Abraço

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