Não, o meu conto infantil preferido não é João e o pé de feijão, seria egocentrismo demais até pra mim mesmo! Segundo os relatos de minha mãe, o meu conto preferido era A cigarra e a Formiga, e eu tenho essa vaga lembrança.
Toda noite o mesmo pedido, toda noite o inevitável choro. Como não chorar vendo a ilustração da pobre cigarra expulsa do formigueiro indo embora na neve, cabisbaixa e resignada!
Minha mãe tentava mudar a história, mas eu precisava ouvir aquilo, precisava entender...
A formiga não estava certa! Talvez a cigarra também não estivesse, mas aquela cena era inaceitável. Passei a odiar formigas. Comecei ter meu próprio senso de justiça!
Não sei ao certo o que se processava no meu cérebro de criança, não tinha mais que seis anos. Mas creio que essas impressões ainda me norteiam.
Hoje posso ser um pouco mais compreensivo com a formiga, mas continuo a defender a bandeira da cigarra!
E eu, o que me tornei? Ora sou a formiga, trabalho, estudo, pago minhas contas em dia. Ora sou a cigarra, não junto dinheiro, gasto com bobagens, festas, viagens...
Talvez eu tente ser uma mutação transgênica dessas duas realidades, mas não gosto de pensar em Formigarra ou Cigarmiga, é bizarro demais até pra mim!
Penso que cada um deve ser como tem que ser, com suas aptidões e seus talentos a dispor de todos.
Certo ou errado, isso a gente vê depois, no acerto de contas!!
COMO UM CONTO
Levei a vida na brincadeira
Uma cigarra sempre a cantar
Passei o verão nessa bobeira
Tendo o sol pra me esquentar
Curtindo a vida com os amigos
Curtindo tudo que pude ter
Meus pesares foram banidos
Porque feliz eu soube ser
Mas veio o tempo da tempestade
Que calou meu violão
O inverno não chegou tarde
E no meu bolso nenhum tostão
Passando fome, passando frio
Nenhuma mão foi estendida
Foi quando vi secar o rio
Secando junto a minha vida
Eu quis mudar da vida o rumo
achando mesmo que não errei
Com o esse revés não me acostumo
Até a formiga eu invejei
Passei o verão todo cantando
dando a esse mundo minha alegria
E a formiga foi trabalhando
Pra ter comida na noite fria
Se é mesmo esse o meu papel
a minha sina então aceito
e se hoje o meu teto é o céu
é porque não mudo esse meu jeito
Levei a vida na brincadeira
Uma cigarra sempre a cantar
Passei o verão nessa bobeira
Tendo o sol pra me esquentar
Curtindo a vida com os amigos
Curtindo tudo que pude ter
Meus pesares foram banidos
Porque feliz eu soube ser
Mas veio o tempo da tempestade
Que calou meu violão
O inverno não chegou tarde
E no meu bolso nenhum tostão
Passando fome, passando frio
Nenhuma mão foi estendida
Foi quando vi secar o rio
Secando junto a minha vida
Eu quis mudar da vida o rumo
achando mesmo que não errei
Com o esse revés não me acostumo
Até a formiga eu invejei
Passei o verão todo cantando
dando a esse mundo minha alegria
E a formiga foi trabalhando
Pra ter comida na noite fria
Se é mesmo esse o meu papel
a minha sina então aceito
e se hoje o meu teto é o céu
é porque não mudo esse meu jeito
João Francisco Viégas (09/01/2006)
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