sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SIMPLESMENTE EU. CLARICE LISPECTOR




“Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calmo 
e perdôo logo.
Não esqueço nunca.
Mas há poucas coisas  
de que eu me lembre.”
Clarice Lispector


Hoje fui assistir “SIMPLESMENTE EU. CLARICE LISPECTOR” monólogo com Beth Goulart, que também escreveu e dirigiu o espetáculo.

E não definiria de forma diferente, foi mesmo um espetáculo. Interpretando a própria escritora, Beth passeou elegantemente por obras e biografia de Clarice.

A narrativa das ânsias e pensamentos da escritora traduz exatamente o que qualquer escritor, ou aspirante como esse que escreve, sente, e é emocionada e emocionante.

Beth Goulart está impecável, e falo isso como publico leigo que sou, afinal, acho que somos nós, o publico, o grande objetivo a ser atingido. Nessa peça eu, enquanto objetivo, fui atingido.

Um dos pontos altos foi, sem duvida, a narração da dicotomia entre um momento de profunda felicidade e o seu encontro desastroso com um rato ruivo. Entre momentos mais taciturnos e outros, como esse de leveza e humor, a peça se desenrolou faceira.


“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. 
Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”
 Clarice Lispector

Tenho certeza que só não aproveitei mais e melhor a encenação por falta de aprofundamento pessoal na obra de Clarice. Essa minha carência acabou dificultando a apreciação instantânea do texto mais denso e profundo, que pela velocidade impingida pela dinâmica das cenas acabava não sendo completamente absorvido e apreciado. Via-se nitidamente que aquele mesmo texto num livro seria melhor e mais calmamente degustado.
Resultado disso? Fome por mais Clarice Lispector!!

Sorte minha que está rolando a alguns metros da minha casa a 55ª Feira do Livro de Porto Alegre, a maior feira aberta da América Latina. Aqui tem sobre a feira do ano passado.

Depois da peça, aconteceu um debate sobre a obra da escritora. Pena que não deu para eu ficar, deixei o teatro olhando para trás.

O interior do estado (RS) agora vai receber esse presente que o SESC está proporcionando.

“Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: 
pensava que, somando as compreensões, eu amava. 
Não sabia que, somando as incompreensões 
é que se ama verdadeiramente. 
Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.”
Clarice Lispector

Um comentário:

Cristiano Contreiras disse...

Poxa, abandonaria tudo pra ver este espetáculo!

Acredite: muito me define!

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